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Primeira vacina contra a dengue 100% nacional: como funciona, quem poderá receber e o que muda para o SUS

  • Foto do escritor: A4PM
    A4PM
  • 28 de nov.
  • 3 min de leitura

A dengue continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública no Brasil. Embora o país tenha registrado queda expressiva em 2025, 75% menos casos e 72% menos óbitos em comparação ao ano anterior, o risco permanece alto, principalmente pela circulação dos quatro sorotipos do vírus.


Primeira vacina contra a dengue 100% nacional: como funciona, quem poderá receber e o que muda para o SUS

Nesse cenário, o Brasil se prepara para um avanço histórico: a primeira vacina contra a dengue desenvolvida e produzida integralmente no país.


Com parecer favorável da Anvisa, o imunizante do Instituto Butantan deve ser incorporado ao Calendário Nacional de Vacinação do SUS nos próximos meses, abrindo caminho para ampliar o acesso, reduzir internações e fortalecer a resposta nacional às arboviroses.


O que há de novo na vacina do Butantan?

A nova vacina é resultado de mais de uma década de pesquisa, testes clínicos e parcerias internacionais. Ela apresenta três diferenciais importantes:


1. Produção 100% nacional

Pela primeira vez, o Brasil terá um imunizante contra a dengue totalmente produzido em seu território — um marco estratégico para autonomia tecnológica.A fabricação será feita pelo Instituto Butantan, por meio de uma parceria com a empresa chinesa WuXi Vaccines, que envolve transferência de tecnologia e desenvolvimento conjunto.


2. Dose única

Diferentemente de vacinas já utilizadas no mundo, que exigem duas doses, o imunizante brasileiro será aplicado em dose única, facilitando adesão, distribuição e logística para estados e municípios.


3. Proteção contra os quatro sorotipos do vírus

Assim como outras vacinas modernas, ela é tetravalente. Ou seja, protege contra DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — essencial em um país com alta circulação simultânea de sorotipos.


Como a vacina funciona?

O imunizante utiliza vírus vivo atenuado, tecnologia já amplamente usada em vacinas do calendário infantil brasileiro, como sarampo e caxumba. Nessa técnica:

  • O vírus é enfraquecido em laboratório.

  • Ele mantém a capacidade de estimular o sistema imunológico.

  • Mas não consegue causar a forma grave da doença.

Essa abordagem apresenta alta segurança e robusta resposta imunológica.


Eficácia comprovada

Os estudos clínicos mostraram eficácia global de 74,4% na faixa de 12 a 59 anos — público liberado pela Anvisa.Isso significa que 3 em cada 4 casos de dengue podem ser evitados entre pessoas vacinadas.

Além disso, o Butantan já indicou intenção de ampliar a idade recomendada após novos estudos, podendo incluir outros grupos a partir de 2026.


Vacinação no SUS: o que já existe hoje e o que muda

Atualmente, o Ministério da Saúde distribui vacinas importadas para cerca de 2,7 mil municípios, aplicadas em duas doses para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.Desde o início da estratégia:

  • 7,4 milhões de doses já foram aplicadas.

  • A pasta garantiu 9 milhões de doses para 2026 e outras 9 milhões para 2027.

Com a entrada da vacina nacional:

  • A produção será ampliada dentro do próprio país, reduzindo a dependência externa.

  • A logística de distribuição será facilitada.

  • O acesso tende a ser expandido para mais municípios — e, futuramente, mais faixas etárias.


Cenário epidemiológico: por que a vacina chega em boa hora

Mesmo com queda significativa nos casos em 2025, a dengue permanece em circulação intensa:

  • 1,6 milhão de casos prováveis até outubro

  • 1,6 mil mortes

  • Maior concentração de casos:

    • São Paulo (55%)

    • Minas Gerais (9,8%)

    • Paraná (6,6%)

    • Goiás (5,9%)

    • Rio Grande do Sul (5,2%)


A vacinação, portanto, torna-se fundamental não apenas para manter a curva descendente, mas para evitar novos surtos — especialmente durante períodos sazonais de maior chuva e proliferação do Aedes aegypti.


O que os gestores de saúde precisam observar a partir de agora

Com a chegada da vacina nacional, estados e municípios deverão se preparar para:

  • Adequar sistemas de registro para incorporação do novo imunizante.

  • Planejar campanhas locais considerando a aplicação em dose única.

  • Monitorar a cobertura vacinal e possíveis eventos adversos.

  • Acompanhar as diretrizes atualizadas do Ministério da Saúde.

  • Fortalecer estratégias de combate ao mosquito, já que a vacinação não substitui as ações de controle vetorial.


Para o SUS, é um ganho duplo: proteção ampliada e autonomia produtiva.


A primeira vacina contra a dengue produzida integralmente no Brasil representa um avanço histórico, capaz de transformar o enfrentamento da doença e fortalecer a soberania sanitária do país. Com tecnologia reconhecida, proteção eficaz e aplicação simplificada, o imunizante tende a ampliar a cobertura e reduzir o impacto da dengue nos próximos anos.


Para gestores de saúde, o momento é de planejamento, organização de fluxos e reforço da sensibilização junto à população. A adoção dessa nova vacina será decisiva para um cenário de menos casos, menos hospitalizações e mais segurança para milhões de brasileiros.


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